Por que clareza importa?
Se você perguntasse para as pessoas porque Pablo Picasso era tão especial, a maioria lhe responderia algo como talento artístico. Até pouco tempo atrás, eu concordaria com essa afirmação. Talento e trabalho duro, a dupla criativa imbatível. A forja de gênios. Essas são características importantes, porém, não são elas que o tornaram grande.
O diferencial de Picasso estava na clareza com que conseguia enxergar o mundo.
Sua obra El Toro (1945) nos dá o perfeito exemplo dessa habilidade pouco reconhecida. Trata-se de uma litografia com várias imagens em sequência, cada uma representando um touro. De início, as gravuras vão ganhando cada vez mais detalhes. Depois, as linhas começam reduzir. Ainda assim, em todas elas conseguimos reconhecer que é um touro. A última arte, que é o touro essencial, a visão mais clara possível do que significa ser um touro, nos impacta por sua espetacular simplicidade.
Picasso sabia que a investigação é parte necessária da busca por clareza. Mais, depois menos. Seu brilhantismo não vinha do talento ou do trabalho duro — que ele tinha, como muitas outras pessoas — mas sim da maneira como escolheu pensar. Essa é uma diferença sutil, mas muito importante.
Quantas pessoas muito inteligentes falham em perceber a realidade? Assim como na arte, explorar ideias é uma etapa fundamental para conhecer diferentes ângulos sobre um assunto e enxergá-lo com nitidez. Essa busca amplia a nossa compreensão do mundo e nos torna mais empáticos, humildes e conscientes da realidade que nos cerca — e é por isso que clareza importa.
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